CANTAR PARECE COM NÃO MORRER

 

Jornal O Povo - Vida & Arte
Fortaleza, 30 de Janeiro de 2007
Condensado por Aura Edições
Natália Paiva 
Da Redação


Era, mais ou menos, 1977. Ele e seus cabelos longos iam pela Serra da Ibiapaba, numa feirinha na cidade de São Benedito. "Aí, eu vi um cara que tinha um rádio grande e uma viola de corda de aço. Ele conseguiu botar uns captadores na viola, puxar uns fiozinhos, eletrificar, plugar no radiozinho de pilha dele e botar um microfone. Eu disse: 'Bicho, se o John Lennon tivesse nascido aqui no Ceará, esse cara seria ele'. Porque eram umas letras maravilhosas, de uma perspicácia, uma acuidade mental incrível. E o ritmo, ele fazia uma mistura entre essa coisa dos violeiros com esse tal de rock.
Aí foi que eu falei: 'Bicho, isso aqui é o rock e o cordel juntos'". Bicho, isso só podia ser Rockcordel!

Nada melhor para espantar o tédio e nomear um festival de música nordestina que se pretende plural. Foi de onde veio o nome do I Festival BNB do Rock-cordel, que agitou a cidade de Fortaleza no mês de janeiro. Hoje à noite, às 19h, na sede do Centro Cultural Banco do Nordeste em Fortaleza, o cantor e compositor de Rockcordel, José Ednardo Soares Costa Sousa, concede entrevista aberta ao público e pocket-show. Eis o fecho do festival, por onde passaram mais de 80 atrações musicais e mais de 28 mil espectadores.

Em Ednardo, as costuras artísticas são tão bem-trabalhadas quanto as rendas de bilros na capa de Meu Corpo Minha Embalagem Todo Gasto Na Viagem - Pessoal Do Ceará (1973). O primeiro álbum, gravado ao lado de Téti e Rodger Rogério, já trouxe as maravilhas de Terral, Ingazeiras, Beira-Mar. Fortaleza despontava como personagem de suas canções, as dunas, a Volta da Jurema, o Farol Novo e o Velho e a Beira-Mar se enchiam de afetividade. Nessa época, Ednardo já tinha se mudado para São Paulo - não sem antes sondar ambientes, espaços por onde sua música pudesse ecoar. Em seguida ao coletivo, vieram a batida nostálgica, o triângulo de ferro e a urgência das guitarras de Pavão Mysteriozo, do álbum O Romance do Pavão Mysteriozo (1974), que lhe aumentou a projeção nacional (foi tema da novela Saramandaia, de Dias Gomes, em 1976). Mais, além do hit: as fabulosas Carneiro, Avião de Papel, Ausência. Daí, vieram mais de 15 álbuns, entre inéditos, ao vivo e trilhas para cinema. Dentre eles, destaque para Berro ("Do boi só se perde o berro/ Justamente o que eu vim apresentar", de 1976), Ednardo (Manga Rosa, Enquanto Engoma a Calça, Desconcerta-te, de 1979) e Terra da Luz (Labirinto, Baião de Dois, Ser e Estar, de 1982).


Ednardo narra trajetória e canções


Da obra de Ednardo, um projeto: a multiplicidade da cultura popular cearense - em seus folhetos, maracatus, triângulos e inventividades - é sempre reinventada a partir de códigos urbanos, é atualizada a partir de influências musicais e artísticas outras. Essa teia começou a ser costurada ainda menino, assistindo a maracatus e aprendendo piano na casa da avenida Senador Pompeu. Ednardo só podia ter nascido ali, na rua que se inicia na beira da praia, atravessa em linha reta toda a cidade, transforma-se em estrada e corre o interior do Ceará. São os sonhos e sons de Ednardo descendo ladeiras, varando cancelas, abrindo porteiras, querendo ganhar o mundo. "Meu pai, quando eu era criança, era festeiro pra caramba, ele e a minha mãe adoravam festa, festa de Carnaval, cantorias nos sertões. Aonde eles podiam ir, eles me levavam. Fora o lance da biblioteca que eles tinham, que era maravilhoso. O cara tinha desde romance de cordel a clássicos da literatura. Isso foi dando uma abertura de cabeça muito bacana", lembra. Foi a partir das lembranças de infância que Ednardo foi vendo quão próximas eram as cantorias cearenses da "coisa do rock" e do rap. Assim, quando viu o John Lennon de São Benedito, não foi nenhuma novidade. Só mais um estalo.

Aos 61 anos (62, no próximo 17 de abril), Ednardo mora hoje no Rio de Janeiro - deu Carneiro, no jogo do ariano. Ele se divide entre os shows - veio de Manaus, vai para Goiânia - e a administração de seu selo e editora, Aura Edições Artísticas. Pai de quatro filhos - Joana (Limaverde, atriz), Gabriel, Júlia e Daniel - e avô, Ednardo não é imune ao tempo e suas águas inflamáveis. Ele navega, sim, nesse rio largo que não cansa de correr, mas passa longe de anacronismos, passadismos. Ednardo esbanja coerência artística como poucos, ao defender o mesmo projeto de integridade musical que lhe orientou nesses quase 40 anos de carreira. "É melhor você vender um pouquinho menos de discos e não fazer tantas concessões", afirma, sem purismos.
Se, por algum capricho do destino, você ainda não conhece a música de Ednardo, perca mais tempo não. Largue tudo e vá ouvi-lo. É redemoinho - de Deus, do Demo - que traga. PS: É labareda.

ENTREVISTA

O POVO - Fortaleza, em suas dunas, cores, cheiros e sons, se apresenta com urgência na sua música, de forma não-estereotipada. Mas que cidade você percebe hoje, 35 anos depois do início da sua carreira? A Beira-Mar da música homônima de 1972 é uma. E essa que está aí fora?

Ednardo - Sem dúvida que a Beira-Mar da década de 1970 é totalmente diferente desta de hoje em dia. Era bem mais calma, inclusive a gente freqüentava muito o bar do Anísio justamente por causa dessa tranqüilidade. E o Anísio é uma pessoa muito amiga da gente. Era aquele cara que dava opinião nas músicas: 'essa eu gosto, essa eu não gosto, essa aqui, meu filho, você canta que vai ser sucesso'. Beira-Mar foi uma delas.
Hoje em dia, você vê, não dá mais pra fazer isso aqui, né? Tinham loucuras que a gente fez naquele tempo, de botar piano em cima da caminhonete e sair tocando pela beira da praia. Vê se pode uma coisa dessas? (risos) Só malucos, na época.
Não é a mesma Fortaleza de antes. Acho que tem outros aspectos da cidade que também são interessantes. Não é porque a cidade cresceu que ela ficou desinteressante, ela ganhou outro tipo de importância.
Uma das coisas, no aqui agora que eu acho, é que Fortaleza perdeu muito sua própria identidade. É uma cidade turística, hoje em dia. Eu tava vindo de avião e, meu Deus, a quantidade de prédios que você vê! E a freqüência dos estrangeiros... Isso muda o lance da cidade, que se volta mais pra o turismo.
Mas, junto com ele, vem um bocado de coisas negativas também. Eu não sou moralista, mas o turismo sexual é uma coisa perniciosa, se aproveita das condições de pobreza para oferecer migalhas. Eu ia muito à Praia de Iracema, Estoril, e eu fui lá e me assustei. A gente tem que raciocinar muito se esse tipo de turismo interessa ao povo como um todo. Mas isso não é só Fortaleza.
A gente nota que na cidade, por essa natural tendência de ser visitada, as pessoas começam a se preparar para ser um pouco 'internacionais', se é que é essa a palavra. Aí vão sumindo umas características básicas da nossa cultura, da nossa maneira de pensar, raciocinar, você fica vendo o mundo por meio da ótica dos visitantes.
Isso se reflete nos shows, os músicos que residem aqui já começam a adaptar seu repertorio para agradar nos bares, as pessoas sempre pedem as músicas que já tocam. E mais do que isso, vão perdendo seus espaços, porque os grandes eventos quase nunca convidam. E, quando os convidam, é através de um convite meia-bomba.


OP - Para palco "nativo", né?

Ednardo - É, palco "nativo". Eu já tinha falado sobre isso aí, as pessoas achavam que eu tava contra grandes empreendimentos que têm aqui nessa área artística, musical. Mas a gente vê umas coisas malucas. É aniversário de Fortaleza aí chama uma pessoa que não tem... Eu adoro a Rita, mas aí eu fico imaginando o link que ela tem com essa cidade (Em 2006, a cantora Rita Lee se apresentou no aniversário da cidade). E outras coisas mais.
Isso não vai como teor de crítica. Não é xenofobia, bairrismo. Estou falando sob a perspectiva de um projeto artístico, cultural para a cidade. Uma cidade sem cultura própria é totalmente dominada, vira terra de ninguém. 
Os músicos daqui devem sofrer pra caramba com esse tipo de coisa. As rádios daqui não tocam as músicas deles, os shows que são chamados pra fazer às vezes são acanhados porque os espaços que oferecem são reduzidos, os grandes são reservados àquelas bandas que às vezes vêm quatro vezes ao ano. 
Mas isso não representa que as pessoas devam cruzar os braços. O mundo está aí, podem também sair daqui. Aí, por incrível que pareça, a pessoa só é respeitada aqui quando sai e faz sucesso fora. É uma espécie de comportamento que cada vez mais ganha uma ambiência maior. E isso diminui a auto-estima do povo.


OP - Por e-mail, você adiantou: "Na realidade tenho bastante músicas inéditas, mas o formato das gravadoras tradicionais tem se demonstrado um tanto quanto desinteressante nos dias atuais, pode até ser que no futuro próximo, mude". Quais são os possíveis caminhos para escoar essas novas músicas, você tem projeto de disponibilizá-las para baixação na internet, gravar em selos independentes?

Ednardo - Hoje em dia, grandes nomes da música popular brasileira têm escolhido pequenos selos, pequenas gravadoras, até para manter sua dignidade criativa, artística. Eu fui um dos primeiros a fazer editora, selo próprio. Eu montei em 1976 pra 1977. E todas minhas músicas são editadas na minha editora, dá certo poder de proteção, definição. E quando está em outra editora, os caras fazem o que querem. 
Eu tô com uma quantidade grande de músicas inéditas, e ainda não foram escoadas porque aqui no Brasil você sempre esbarra com essa coisa da distribuição. A outra opção seria disponibilizar pela internet, baixar mp3. Aí pronto, dá de graça logo. Aquela história de que já que perdeu o penico, joga a tampa fora, né? (risos).
Porque essa coisa da internet parece que veio para alterar profundamente esse relacionamento entre artistas e gravadoras. Tem discos que saem e já estão na internet há muito tempo.
Meu filho, pesquisando na internet esses sites que baixam mp3, encontrou todos os meus discos, mas também todos do Chico Buarque, Milton Nascimento, Maria Bethânia. Todos de todos.
Disco no Brasil é caríssimo, um dos motivos que alimentam a pirataria. A nova realidade está mostrando que tem que haver um novo posicionamento de todas as partes, em relação tanto ao objeto-disco, à transação dos meios de comunicação, das empresas que trabalham com indústria cultural e isso deve passar também pelos agentes de shows, para não chamar apenas os artistas das gravadoras masters.


OP - Em 20 anos, você lançou Rubi - Ao Vivo (1991), Única Pessoa (2001), com gravações de outros compositores, Pessoal do Ceará (2002), regravação de músicas com Amelinha e Belchior, e a trilha sonoras de Calor da Pele (1994).

Ednardo - Tem um Ao Vivo com a Banda, um Ao Vivo com Manassés, e um com as trilhas sonoras de filmes gravadas em estúdio. Eu tenho já pronto esses discos, mas não saíram, são inéditos. Eu estou com um projeto com meu parceiro Climério, que é um piauiense que mora em Brasília há muito tempo, já faz trinta anos que somos parceiros e temos uma quantidade muito grande de músicas inéditas. E a gente está pensando em fazer essa comemoração de 30 anos mostrando esse material inédito que a gente tem.
Também tem outro projeto, esse já está praticamente feito, falta só gravar, eu descobri que estou com uma grande quantidade de músicas, só instrumental, que eu não tive vontade de botar letras, porque achei que as músicas já estavam completas.
Mas tudo isso aí depende do dia em que eu decidir, eu e minha editora, que somos eu e minha mulher e meus filhos (risos). A gente está vendo se eu chuto o pau da barraca e boto tudo na internet para o pessoal baixar do jeito que quiser e eu vou arranjar um outro meio de vida - tem algum emprego no jornal O Povo pra mim? (risos). Brincadeira. Ou então, fazer de forma tal para que o disco saia a um preço justo para que as pessoas possam adquirir.
Mas você não pode mudar o sistema de uma hora pra outra, né?

O VERBO E O BERRO

 

Jornal O Povo - Vida & Arte
Fortaleza, 30 de Janeiro de 2007

O cantor e compositor cearense Ednardo usou de sua franqueza habitual na entrevista pública realizada no projeto Nomes do Nordeste, na noite de terça passada no Centro Cultural Banco do Nordeste.
Ele falou da necessidade de valorizar a cultura cearense e cantou seus principais sucessos


Felipe Gurgel
da Redação

A acidez da língua não parece rancor. E sim, um certo cuidado, insistente, de chamar atenção para o que é de casa: "os artistas cearenses são fraternos. Existe união. Massafeira foi isso. Falta é oportunidade para se mostrar.
A diferença é que, em outros estados, a sociedade organizada reconhece sua cultura. E aqui não, não tem isso", coloca Ednardo, cantor e compositor cearense, em entrevista na última terça, 30 de janeiro, para o programa Nomes do Nordeste, do Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBN). A edição fez parte da programação do Festival BNB Rock-Cordel, encerrado ontem.

A ENTREVISTA de Ednardo foi registrada para posterior lançamento de DVD do acervo do CCBN/FOTO MARCOS CAMPOS
A Entrevista-Show de Ednardo foi registrada 
para DVD no Acervo do CCBNB.

Ednardo recebeu muita gente a fim de ouvi-lo. Do térreo ao segundo andar do CCBN, quem não conseguiu entrar no auditório, lotado, ficou pelos telões espalhados. Para o Nomes do Nordeste, o compositor gravou a conversa e um pocket show em DVD, que serão disponibilizados para consulta na biblioteca do CCBN.

Bem humorado e sob a tarimba de quem fala o que quer, o compositor ficou de "esculhambar" o roteiro da conversa, mediada pelo jornalista Nelson Augusto. À vontade, lembrou, sobretudo, da má influência dos grandes meios no comportamento das pessoas. "Recortando" essa perspectiva para o povo cearense.

"Tá bom dos meios de comunicação locais acordarem para isso. Cidades como Salvador e Recife conseguem emitir sua cultura para a mídia nacional.
 E a gente se tornou repetidor do que vem de lá para cá. O pessoal que comanda esses meios já teve a cabeça mais aberta", lembra.

Em cima do palco, Ednardo esteve acompanhado por Ítalo Almeida (acordeon e teclados), Mimi Rocha (guitarra), Luis Miguel (baixo), Adriano Azevedo (bateria) e Nilton Fiori (percussão). No repertório, levou Pastora do Tempo, Carneiro, Ingazeiras, Rock-Cordel, Beira-Mar, Terral, entre outras.
Sem retorno para a voz, ele reclamava do som, educadamente: "não sou o Tim Maia, mas é porque estamos gravando para o DVD. O maestro Mimi (Rocha) está dizendo aqui que tá havendo uma sobra de médio. Nada como colocar a culpa nos outros (risos)".

O papo subverteu a ordem do que se entende por uma entrevista comum. Ednardo tirava o mediador de tempo. A pretexto de fazer graça ou ser franco mesmo. "O papo tá tão bacana que a gente já esculhambou o roteiro. Abaixa a luz para eu enxergar vocês: olha, só tem gente fina aqui", brincou.

Pelo final, encerrou dispensando Nelson Augusto, amigavelmente. Mandou uma seqüência de canções incluindo Terral e Beira-Mar. E toda platéia cantou junto. Logo, Ednardo fez que saía fora, mas voltou. Aos gritos de Pavão Mysteriozo. "Eu ia no camarim e voltar, mas vou atender logo (risos)", finalizou.

 

EDNARDO DISSE

Jornal O Povo - Vida e Arte - 01/02/2007 
Felipe Gurgel

"Diz aí, Nelson (Augusto), em que ano foi isso? Agora eu que vou te entrevistar" (sobre a reedição da Massafeira, proposta pelo jornalista à Secretaria de Cultura do Ceará na década de 90. O projeto nunca foi realizado)

"Tenho várias (parcerias) inéditas com Belchior, até mandei uma letra para o Fagner, mas acho que ele esqueceu (risos). Já o Climério é bem sutil, me manda umas 50 letras"

"A Massafeira foi um dos movimentos mais transgressores. Em plena ditadura militar. Quatro dias que até hoje nunca conseguiram imitar"

"Na década de 70, em São Benedito, conheci um cidadão antenado que eletrificou a viola dele. Parecia embolada, rock. Pensei que, se o John Lennon tivesse nascido no Ceará, seria esse cara" (explicando de onde surgiu o termo Rock-Cordel, que batiza música de sua autoria e deu nome ao festival do BNB)

"Encontrei umas 10 pessoas que disseram: 'quem colocou tua música na novela fui eu'. Agradecia a todos. Mas eu mesmo não sei quem foi" (sobre a inclusão de Pavão Mysteriozo na abertura da novela Saramandaia)

"Basta ir na Internet e piratear tudim (risos)" (sobre como encontrar suas músicas)

"É só para ficar bem gravado, porque não venho amanhã gravar de novo não" (pedindo ajuste no retorno da voz, mais de uma vez)

"Escrevam para a prefeita e digam que ela chame um artista da cidade, ao menos, no próximo aniversário da cidade" (sobre o "desconvite" da Prefeitura para o show de 280 anos de Fortaleza em 2006. Rita Lee foi chamada no seu lugar)

"O Ceará é minha energia principal. São as coordenadas básicas. Os primeiros jornais que leio quando acordo são daqui. Sempre quando estou fora, penso no Ceará"

PLUGADO

Rock-cordel: pra espantar o tédio!

Fabinho Monteiro

Jornal O POVO - 18/01/2007

"Um rockcordel pra espantar o tédio", é o primeiro verso da canção "Rockcordel", de 1983, do cantor e compositor cearense Ednardo.
O título da música deu nome a um dos maiores festivais de rock que o Ceará já viu.
É o I Festival BNB do Rock-Cordel, reunindo mais de 80 atrações, num total de 108 shows. Durante todo este mês, o Centro Cultural Banco do Nordeste está abrindo suas portas para artistas de diversas vertentes do rock e da cultura popular nordestina.
Uma fusão vislumbrada por Ednardo — que já fazia um vínculo entre suas raízes cearenses e referências culturais mundializadas — há mais de 20 anos. "Uma ponte, entre John Lennon e o Cego Aderaldo", disse ele, certa vez, em entrevista.

E é justamente isso que tá rolando nesse evento.
Uma mistura doida de diversas propostas artísticas e influências estéticas, um panorama da cena musical cearense atual.
Bandas marcadamente regionais como: Maracatu Vigna Vulgaris, Dr. Raiz e Dona Zefinha. Se misturam ao chamado "Pop-rock", bem representado por Alegoria da Caverna, O Sonso, Altifalante e várias outras. Passando pelo metal da veterana Obskure, da Clamus e da Darkside. E ainda esbarrando nos sons alternativos do Cidadão Instigado, Macula, 2Fuzz e Fóssil.
Realmente, não há do que reclamar da programação. Tá massa! E o melhor: de graça!!!
Ah, devo avisar que os horários dos shows rolam entre meio-dia e 19h00. ... recomendo... Um rockcordel pra espantar o tédio!

 

MÚSICA Rock-Cordel, de Ednardo, dá nome ao evento do CCBNB/FOTO DIVULGAÇÃO
MÚSICA Rock-Cordel, de Ednardo, dá nome ao evento do CNBBB/Foto Divulgação

Jornal O POVO - Guia Vida & Arte - 26/01/2007.

NOMES DO NORDESTE

Homem de rock e cordel


Com mais de 30 anos dedicado à carreira como cantor, compositor, instrumentista, ator e diretor de cinema, Ednardo volta à terra natal. O cantor é a atração de janeiro do programa Nomes do Nordeste, do Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB)

Na próxima terça-feira, 30, Ednardo é o entrevistado do jornalista e pesquisador musical Nelson Augusto, aberta e com a participação do público.

Este mês, o Nomes do Nordeste está vinculado ao I Festival BNB do Rock-Cordel, que reúne até o dia 31, nas cedes do CCBNB de Fortaleza e do Cariri, grupos e músicos ligados ao rock e à cultura popular. Ednardo é autor da música e letra que dá nome ao Festival - Rock-Cordel, gravada em 1983. O público participa da entrevista enviando, por escrito, perguntas ao mediador.

Um dos músicos cearenses mais reconhecidos no país, Ednardo é integrante da geração que no início dos anos 1970 deixou o Ceará com o objetivo de tentar carreira profissional em nível nacional. Hoje com mais de 250 músicas e letras, incluindo trilhas musicais para teatro, cinema, além de vídeos home com especiais de TV, ele fala na entrevista do início da trajetória artística até a atualidade.

A conversa vai ser regada com alguns trechos de músicas representativas de décadas, em seu importante e extenso repertório, cantadas por Ednardo voz e guitarra, acompanhado pelos músicos Mimi Rocha, Ítalo Almeida, Luis Miguel, Adriano Azevedo, Nilton Fiore.

Antes e depois do evento, serão projetados clipes musicais de Ednardo e slides de fotografias de diversas fases artísticas, incluindo detalhes de fotos das participações de projetos coletivos realizado por ele com grande quantidade de artistas brasileiros, entre os quais nos eventos Massafeira, Balanço da Massa, registradas por diversos fotógrafos.