EDNARDO CONVIDADO PARA FAZER
 A TRILHA SONORA DO FILME LUZIA HOMEM

Show no Circo Voador de Fortaleza

DIÁRIO DO NORDESTE
Fortaleza / Ceará - 30 de Maio de 1986
Matéria Condensada - Observações AURA

REDAÇÃO DO CADERNO 3

Ednardo está de volta à Fortaleza atendendo o convite do Pessoal do Circo Voador (empreendimento da Free Lancer Produções), para uma apresentação hoje a partir das 21:30 hs.
Como todo bom cearense, ele não perde oportunidade de vir para sua terra. De bem com a vida, Ednardo vem de temporada de shows no Rio de Janeiro que inclui Teatros do Sescs, Teatro Carlos Gomes, Teatro da UFF (Universidade Federal Fluminense), depois continua no Circo Voador no Rio de Janeiro e outras cidades do sudeste.
Também neste tempo estará elaborando a trilha sonora do filme "Luzia Homem", atendendo convite do cineasta e produtor cinematográfico, Luiz Carlos Barreto.


Para esta apresentação no Circo Voador, Ednardo selecionou um repertório variado com músicas inéditas de seus recentes discos, (lançados pela EMI - EDNARDO - LIBERTREE - TERRA DA LUZ), e sucessos, num show que é no mínimo imperdível.

Para Ednardo, um Circo na beira-mar da Praia de Iracema é algo mágico e encantador - "Um projeto interessante para a cidade, por isto estou participando".

No momento, o entusiasmo e atenção do artista é o convite para musicar o filme. Essa não será a primeira incursão de Ednardo no cinema - ele fez a trilha sonora do filme "Tigipió", (85), do cearense Pedro Jorge de Castro, e este novo momento é de total expectativa.
"Eu acho um barato estar musicando no cinema, obras de autores cearenses e que são feitas no Ceará, por gente de nossa terra", salienta.
Quanto ao filme "Luzia Homem", ele conhece o livro (de Domingos Olímpio) desde os tempos de colégio, quando o leu e acha o romance incrível.
E o assunto vai exatamente ao cinema, mas Ednardo não adianta quase nada sobre a trilha. "Prefiro deixar pra falar depois que sair do estúdio. Porque nesse meio tempo a gente faz retoques e a trilha passa por transformações".

Ednardo está contente, principalmente pelo fato do cinema brasileiro estar dando enfoque a literatura brasileira, e neste caso explorando a vertente cearense.

"O cinema brasileiro está retomando seu próprio espaço, num caminho que se abre novamente. E o mais importante é que o cinema está assumindo o tamanho do Brasil. Estão descentralizando do eixo Rio/São Paulo, se deslocando para filmar no Nordeste e em outras regiões. Isso me parece uma coisa muito saudável".

Não é de se estranhar que Ednardo esteja feliz com essa descentralização, porque ele sempre foi um dos defensores da idéia.
Mesmo sendo um dos primeiros nordestinos de sua geração a chegar no sul do país - eixo centralizador da cultura - Ednardo não abriu mão da nordestinidade. Isso porém, não limitou a sua obra que caminha cada vez mais para a universalização.

Assumindo postura mais leve na sua música, Ednardo exorciza o fantasma da década de setenta e segue em novas leituras, captando novos códigos e novos espaços, tudo isso dentro de um posicionamento estético em sua linguagem.
 

O momento é muito intenso. Tanto no campo das idéias quanto no das ações.
É tempo de criar, acompanhando a evolução dos tempos.
Ednardo, como os demais brasileiros, acompanha com expectativa o desenrolar dos fatos. A Constituinte está nos questionamentos e ele quer saber mais, quer vislumbrar mais que a fumaça. "Espero que a Constituinte se realize com a participação direta do povo. Se as pessoas colocarem representantes dignos para sua elaboração, e se estes souberem escolher bem, vai ser uma coisa boa para o País".