EDNARDO
O BRASIL NÃO É SÓ RIO E SÃO PAULO

ZERO HORA
Porto Alegre / RS, sexta feira, 08 de Outubro de 1982
Matéria condensada - Observações AURA

JUAREZ FONSECA

Principal nome da música cearense que conquistou o Brasil, ao lado de Fagner e Belchior, Ednardo faz de hoje a domingo, seu segundo show em Porto Alegre. Quando esteve aqui pela primeira vez, há três meses, ele superlotou o Salão de Atos da Reitoria da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
O Show de agora é relativo ao seu novo (oitavo) disco TERRA DA LUZ. Uma das músicas fortes do espetáculo é Alfa Beta Ação, que o público gaúcho teve a oportunidade de conhecer recentemente no Programa Fantástico.
As apresentações do Teatro Leopoldina, tem coordenação da Tchê Promoções e da Rádio Atlântida FM.

 


Ednardo em Porto Alegre 1982

Quando alguém, no Centro do País, pergunta a Ednardo por que ele "diminuiu seu ritmo de trabalho", a resposta já está pronta, e se antes ele explicava com paciência, hoje não esconde uma certa irritação: De onde saiu essa história de que teria "diminuído o ritmo?"
Simplesmente Ednardo chegou a conclusão de que o Centro do Pais não é tudo. Pelo contrário, é pouco para o artistas que resolve desenvolver um trabalho continuado junto ao público brasileiro e não apenas junto ao público de duas cidades que não resumem o Brasil. Além disso, um trabalho musical, não é sinônimo apenas do sucesso comercial. Só quem não presta atenção, não acompanha a trajetória de Ednardo, ainda se detêm na imagem de um sucesso com a música Pavão Mysteriozo, lançada em 74, mas que veio a explodir bem mais tarde, em 76, após sua inclusão na trilha da novela Saramandaia.

Diz Ednardo: "Muita gente tomou conhecimento de meus trabalhos anteriores e posteriores a esta música. Eu sei disso, mas grande parte dos comunicadores do País, se acostumou a receber notícia pronta e a maior parte deles não escutam os discos, porque quem recebe em média 45 discos em uma semana não tem tempo de escutar tudo. Dentro desse quadro, as coisas que acontecem fora do eixo Rio São Paulo ficam prejudicadas por causa dessa marginalização. Isso é muito claro, as pessoas que têm os espaços de comunicação no Brasil, acham que o Brasil é realmente só o Rio e São Paulo, o que é uma loucura muito grande." 
Ednardo, 37 anos, chegou ao Centro em 70, com o grupo de músicos autores e compositores, conhecidos como "Pessoal do Ceará" junto com Fagner e Belchior, entre outros. Viveu sete anos em São Paulo, mais um ano e meio no Rio, e resolveu voltar para Fortaleza, onde viveu mais três anos trabalhando muito. Foi lá que que ele liderou um movimento que marcou o panorama cultural cearense e brasileiro, a MASSAFEIRA, dentro da idéia de descentralização, do qual resultou um disco duplo. Em Fortaleza, nesse período, compôs cerca de 200 músicas e de lá só saia para shows e para gravar discos.

TERRA DA LUZ, lançado recentemente pela gravadora EMI, é o oitavo disco de sua carreira. Sobre mudanças de gravadoras, Ednardo expressa: " Foi justamente para manter a unidade, coerência, prosseguimento de trabalho artístico, que mudei de algumas gravadoras. Todo artista que tem projeto amplo, necessita espaço adequado em relação às gravadoras. Quando mudei de uma para outra, é porque em determinado momento, foi oferecido melhor espaço. Na EMI, parece possível novo canal, vamos ver.

Mas os fatos de mudar de gravadoras, e de não ter vindo antes ao Rio Grande do Sul, por exemplo, não impediu que aqui, Ednardo fosse formando um público muito expressivo. Prova disso foi a primeira apresentação que fez em Porto Alegre, há três meses, quando conseguiu superlotar imenso espaço do Salão de Atos da Reitoria, deixando de fora um público tão grande quanto o que estava dentro - um público que chegou a arrombar uma das portas laterais da Reitoria para não perder a oportunidade de ouvi-lo.

E agora Ednardo está de volta para as três apresentações de sexta a domingo no Teatro Leopoldina, e para o show especial que fará em Caxias do Sul, semana que vem no CIO DA TERRA promoção do DCE da UFRGS.