EDNARDO EM RECIFE


Ednardo mata a saudade dos fãs

 

Jornal do Commercio - Recife, 3 de novembro de 2005
Caderno C - Música
Matéria Condensada
JOSÉ TELES

Compositor cearense, que se apresenta hoje no Seis e Meia, tem lugar de destaque na MPB por sucessos como Pavão Mysteriozo


Ednardo engrena vários projetos para gravar novos discos

A última edição do Projeto Seis e Meia de 2005 traz hoje dois nomes que correm, cada qual ao seu modo, por fora da raia na MPB: o cearense Ednardo e o pernambucano Ortinho. Ednardo, sucesso nos anos 70, saltou fora da máquina antes que ela o regurgitasse. Pavão Mysteriozo, Enquanto Engoma a Calça, Artigo 26, Terral e A Manga Rosa, são algumas de suas composições mais conhecidas, todas incorporadas ao álbum de clássicos da MPB.

O último disco de Ednardo foi feito, em 2002, com Amelinha e Belchior, a trinca integrante do Pessoal do Ceará, que a imprensa do Sudeste nos anos 70 quis contrapor aos baianos. No entanto, Pessoal do Ceará era muito mais um movimento migratório. Seus integrantes comungavam entre si o fato de terem nascido no mesmo Estado. Esteticamente, diferiam muito entre si.

Ednardo logo armou um vôo solitário, que rendeu até agora 300 músicas e letras, espalhadas pelos 15 discos de carreira, trilhas, coletâneas, e projetos especiais. Nos últimos cinco anos participou de projetos isolados, mas este ano pretende lançar duma só tacada quatro discos: “Um é de trilha de cinema, outro, ao vivo, tem um de estúdio de inéditas e, por fim, há um projeto com Climério comemorando 30 anos de parcerias, temos várias músicas que ainda não foram gravadas”, conta Ednardo.

Ele não sabe ainda se lança os discos pelo seu selo, Aura, ou por algum selo pequeno: “Há uma mudança muito profunda no mercado. Praticamente todo mundo está abrindo selos, ou indo para selos pequenos, Gal, Chico, Bethânia. Eu fui um dos primeiros a ter selo próprio. Hoje, acho que é mais negócio para o artista ficar fora das majors, há um controle maior sobre sua obra”, diz ele.

No Seis e Meia, o repertório do show será centrado em suas canções mais conhecidas: “Sei que as pessoas vão ali para relaxar, escutar sucessos, então vou fazer uma panorâmica, com umas poucas inéditas”, diz Ednardo, que se apresenta com o guitarrista e violonista Carlos Patriolino, a quem não poupa elogios: “É de uma musicalidade que impressiona, comparo ele a um Manassés ou um Robertinho do Recife”.