Inovando |
Jornal
Última Hora - Rio de Janeiro 3 e 4 de Abril de 1976 Suplemento Especial - GENTE Salada Musical Matéria Condensada O repórter está identificado pelas iniciais -S.R.L. |
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"O novo que a gente fala é um
pouco de renovação. Não quero sepultar ninguém. É que qualquer coisa tem
seu ciclo de desenvolvimento. O que estou achando é que o ciclo da gente
está atrasado. Não é coisa individual, é retrato da própria estagnação do
sistema. Note bem: esse atraso é direcionado. Não é específico, mas sim
geral." Para romper com o atraso, mostrar o novo, Ednardo cria e leva a prática suas concepções a respeito da arte e da música. "Nesse caso, a arte só tem sentido se for recebida do povo, transformada e devolvida ao povo. Não creio que fazer música para pequeno grupo seja ideal. O artista tem de ser criativo para achar formas de se entender também com grande público. O próprio romantismo de hoje, tem que ter coerência com a vida para ser entendido. A arte tem papel importante. Além de ser repórter da época, o compositor tem que tomar parte nas coisas de que fala. Tem que ser socialmente ativo. Enfim, ajudar a melhorar o ser humano. E um meio de participar, dentro da arte, é a música." A influência nordestina que recebeu não é regionalista. Ednardo faz questão de deixar claro: "A influência nordestina é relativa. Eu escutei de tudo. Não sou uma ilha. Se a parte nordestina fica aparente é porque neste momento é mais profunda. Mas se canto nordestinamente tenho consciência universal. Não se pode dizer tudo ao mesmo tempo. Ao falar da fome do Ceará, falo da fome de Bangladesh. O artista faz parte de todo processo, vê além dos mosaicos, vê mais de cima. |
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"Berro" é o nome do
disco de Ednardo que está sendo lançado. Bem elaborado e gravado com muito
cuidado, representa um passo além de seu disco anterior. |