Jornal O POVO - Fortaleza / Ceará
13 de Março de 1999
Eleuda de Carvalho
Da Editoria do Vida & Arte

 

MASSAFEIRA - 20 ANOS DEPOIS

 

O ano era 1979. De 15 a 18 de março, Fortaleza escutou o que sua juventude tinha a dizer e cantar. Todos tinham poucos anos, alguns sonhos e muita vontade de acontecer.

Agora, 20 anos depois, o Vida & Arte procura saber o que ficou de toda aquela aventura coletiva. O que foi que você viu nesse minuto? Um Reisado Pop, um Xaxado Blues, um Tecno-Galope, um Rock de Repente. E Vídeos em Super 8, e o Cariri é aqui, e Patativa do Assaré assanha a platéia com seus versos políticos.

No meio da festa, gente e arte, artesanato e underground. Faz vinte anos, era Massafeira Livre: 15, 16, 17, 18 de Março, 1979. O Pessoal do Ceará e a moçada, Chico da Silva e Sérgio Pinheiro, performance coletiva e delírios pessoais.

Cartaz Massafeira

À direita e à esquerda, tudo aqui e agora, no centro do palco. Guitarras e tumbadoras, a pose loura do baixista e os acordes poderosos da garota de negra cabeleira, delirando em azul. Todos tinham poucos anos, alguns sonhos e muita vontade de acontecer. Durante os quatro dias, Fortaleza teve que escutar o que dizia a juventude. Ao final, sem assentar a poeira, a trupe vai para o Rio de Janeiro, registrar uma parte das composições que o público degustou ao vivo. Que conte como foi quem esteve no olho do furacão.

Teti, do Pessoal do Ceará: ``Foi um movimento revitalizador da música local, que tinha tudo para acontecer nacionalmente''. Teti lançou, logo depois, o LP Equatorial. Ano passado, gravou o CD Teti, o timbre vocal um veludo renovado.

Régis e seu mano gêmeo Rogério Soares, irmãos caçulas de Ednardo. Depois da Massafeira, anos de sudeste, a banda Mestiça Trindade, em 89. A volta e o CD Litoral, em 98. Diz Rogério: ``Desde a época da Padaria Espiritual (1892-1896), não havia uma reunião tão grande de energia, com a interligação de diversas manifestações da cultura, até culinária. Colamos cartazes, fomos à luta. Era a hora de fazer. Patativa veio, foi a estréia dele para um público universitário, um marco histórico. O Rosemberg trouxe o Cariri para o TJA''.

Chico Pio voou para o Rio em 73. Na volta, o convite: ``Em reconhecimento à minha aventura, o Ednardo me convidou para participar. Fui, com muita alegria''. Chico Pio 99 prepara disco novo, Beira do Mundo, faixa-título de Totonho Laprovitera, produção de Manassés. Para o fim do mês.

Rodger Rogério: ``Para mim, foi ótimo, estava voltando de São Paulo. Conheci o pessoal do Cariri aí. A festa nos bastidores não dá pra publicar. Foi muita loucura. Ninguém recebeu cachê, foi completamente independente''. Entre um som e outro, Rodger apronta um CD-Rom de Física, faz teatro, cinema, tevê.

Calé Alencar: ``O final dos anos 70 prepara uma grande concentração de artistas em torno da Massafeira Livre, evento multitudo, elo de ligação''. Calé, inquieto pesquisador, resgatou o balanceio de Lauro Maia, o baião de Humberto Teixeira, a origem cabeça-chata do nosso lento maracatu: ``Nós viemos andando desde os anos 70 pra dar pé e dar no pé. Feito voz que se lança com força de pedra atirada, que pedra é pra rolar''.

Em cada tela, o rosto belo e a atitude de Lúcio Ricardo, o rock do Perfume Azul.
Massafeira, encontro com a nordestinidade: ``Passei a interpretar uma coisa da terra, sem preconceito''. Foi embora, voltou, bem-vindo. Prepara um disco de intérprete, um mix de Lauro Maia, Evaldo Gouveia e Luis Carlos Porto, o nosso roqueiro de peso. Da banda O Peso.

Enquanto isso, Ednardo tenta mandar um e-mail, entre uma reunião e outra com a BMG; Belchior em temporada no interior de Minas, sobe-e-desce; Fagner encontrando outra vez o Patativa, em seu aniversário. E o povo está aí, os vivos vivendo. O resto é história.

 

CALDEIRÃO DE SONS

O disco foi mal distribuído e a gravação se ressente dos parcos oito canais, mas o conteúdo vale a pena. São 24 composições que sintetizam os quatro dias de sons que ecoaram do teatro à praça, do rio Pajeú ao Rio de Janeiro.

Mereciam cruzar oceanos. Ednardo e Belchior cantaram juntos, Ângela Linhares rodou a saia e os agudos precisos, antes de espalhar alegria em cada canto. Régis & Rogério colavam seu timbre aos vocais do mano mais velho, mas procuravam um caminho, pé de espinhos e a viola pungente de Manassés.

E houve ciganos, marinheiros naufragados no Farol, aquela menina com pele de nescau, largada nos lençóis da natureza. E vem Atalaia e o frio da serra, nada de cantar na praça vazia, como dizia a canção. Próxima parada, embarque no Citroen de Sérgio Pinheiro, os bigodes trinam no tango-xote.

Aplausos delirantes, é a participação da massa a cada verso do Patativa, seu doutor. E o piano do Pete Maia? O sol é que é o quente, inda mais no Piauí, de onde vem a voz da cantora. Tumbadoras e flautas, Zé Maia sopra belezas. acalanto para a esperança e o reisado. Não haverá mais um dia. E tudo acabou.


Eleuda de Carvalho

MASSAFEIRA, O ÁLBUM

DISCO 1

Aurora - (Ednardo / Belchior)  Ednardo e Belchior
Como as primeiras chuvas do caju - (Ângela Linhares/Ricardo Bezerra) Ângela Linhares
Pé de Espinho - (Rogério / Stone / Pinoquio) Régis e Rogério
Viravento - (Vicente Lopes) Vicente Lopes
Aviso aos navegantes - (Lúcio Ricardo) Lúcio Ricardo
O que foi que você viu ? - (Stélio Vale /Chico Pio / Nertan Alencar) Chico Pio
Brejo - (Régis / Rogério / Ednardo) Régis
Atalaia - (Ferreirinha / Graco / Caio Sílvio) Ferreirinha
Frio da Serra - (Petrúcio Maia / Brandão) Ednardo e Fagner e Marta Lopes
Isopor - (Wagner Costa) Wagner Costa
Buenos Aires - Citroen (Sérgio Pinheiro / Stélio Vale) Sérgio Pinheiro
Senhor Doutor - (Patativa do Assaré) Patativa do Assaré

DISCO 2

O Sol é que é o quente - (Alano Freitas)  Ednardo e Ana Fonteles
Em cada tela uma história - (Lúcio Ricardo)  Lúcio Ricardo
Cor de Sonho - (Mona Gadelha)  Mona Gadelha
Vento Rei - (Zé Maia / Calé Alencar)  Calé Alencar
O Rei - (Tânia Cabral)  Teti e Tânia Cabral
Jardim do Olhar - (Fausto Nilo / Stélio Valle)  Coro Massafeira
O Sol Acordou - (Ednardo)  Ednardo
Estradeiro - (Rogério Soares)  Rogério Soares
Pelos Cantos - (Graco)  Graco
Não haverá mais um dia - (Pachelli Jamacarú)  Pachelli Jamacarú
Último raio de sol - (Rodger Rogério / Clodo / Fausto Nilo)  Ednardo e Teti
Reisado - (Graco / Stélio Vale / Augusto Pontes)  Ednardo

 

O BALAIO DO GURU

ELEUDA DE CARVALHO
da Editoria do Vida & Arte

Augusto Pontes era o decano da Massafeira. Aqui ele conta histórias dos bastidores do multievento. E, principalmente, revela como foi possível a conciliação dos contrários, como foram temporariamente suspensas todas as desuniões e ciumeiras, sentimentos típicos da classe artística cearense.

O velho índio continua em ponto de bala. No caso, bala certeira, de ponta aguçada em boemia e arte, 67 anos de irreverência que revelam o curumim Chico Pontes, como o chamam os amigos aportados em Brasília desde os tempos do Pessoal do Ceará. Aqui na taba de Iracema, Augusto Pontes, jornalista, publicitário, compositor, ex-secretário de cultura, articulador de idéias do Massafeira Livre, multievento acontecido há vinte anos, sob o signo de fogo do carneiro, quatro dias loucos de março asilados no Theatro José de Alencar.

Augusto Pontes escreveu as rimas do bolero Lupiscínica, desde o título a cara do autor: o trocadilho, o caleidoscópio de referências. É parceiro de Rodger Rogério, de Petrúcio Maia. Tem até uma inédita, ``única e querida'', diz, com Fausto Nilo, feita sob o céu do Planalto Central. Quase setentão, a cabeleira continua farta, as idéias afiadas e a fala sedutora, pontuada por reveladoras reticências. O decano da feira arma a tenda e apresenta a massa.

Vida & Arte - Você era o mais vivido da turma. Foi sua a idéia do Massafeira?
Augusto Pontes - Na verdade, quando cheguei já tinha a idéia, com Ednardo e Brandão. Acho que o Brandão tinha dado o nome, Massafeira, que inicialmente não me soou bem, depois fiquei gostando. A dificuldade que eles tinham era de realizar a idéia. Mas esses movimentos, artísticos, culturais, de ajuntamento de pessoas, aqui no Ceará, sempre tiveram uma dúvida entre duas grandes linhas opostas. Uma, que sou muito simpático a ela, é de aproveitar a tudo e a todos. A outra linha era restringir por critérios estéticos, que são muito duvidosos, aprioristicamente aplicados. A minha função foi realizar essa mágica de todos participarem.


V&A - Diziam, na época, que o Massafeira Livre surgiu em função do Ednardo, que estava preparando o disco Ímã, sem dúvida, um dos melhores que ele fez.
AP - Absolutamente não. O Ednardo, como é uma personalidade muito forte, e vaidoso, talvez até sonhasse isso. Mas o Massafeira foi muita gente, foi grande, acolhedor, todos participaram. Não houve antes nem depois um movimento que acolhesse tantas pessoas, com tanto sucesso.

V&A - E que juntasse, no mesmo lugar, artistas de várias gerações e estéticas, com repercussão e tanto público. Apesar de se chamar um movimento, houve a dispersão. Por que esse momento coletivo arrefeceu?
AP - A expressão nacional dos artistas cearenses, se a gente se afastar e olhar, ela é frágil, ainda hoje. Os cearenses, por esta gana exagerada de suas pretensões individuais, não conseguiram chamar a atenção da nação pra eles. Essas vontades pessoais superam qualquer curiosidade coletiva, qualquer vontade coletiva, que é a natureza do movimento aqui feito. E essa coisa de se voltar pra si, essa idiotia de admirar a si mesmo é uma tentação. Especialmente quando o camarada se satisfaz com a pouca inteligência inicial que possua. As primeiras obras são admiráveis, porque vêm dessa criação discutida, buliçosa, bolinada por todos. E aí passam a fazer seus discursos pessoais, que nem sempre são muito interessantes. A não ser cantores, instrumentistas, que aí o esforço pessoal de treinar-se, de ensaiar, de fato melhora sua apresentação. Mas nos compositores, nos autores de teatro, nota-se essa dificuldade oriunda do afastamento, da renúncia à tribo.

V&A - O contexto não era nada favorável, havia a distensão política, mas o governo era uma ditadura. E no Ceará, assumia o Virgílio Távora.
AP - A posse do coronel Virgílio Távora se deu, coincidentemente, num dos dias do Massafeira. Lembro isso porque Ednardo, Fagner e Belchior fizeram show em ambas as oportunidades. O Ednardo foi fazer o show, junto com Belchior e Fagner, e depois se apresentaram no Massafeira, que foi uma coisa inédita e não repetida. Havia uma grande curiosidade pelas coisas dos outros e muito incentivo, bonito de ver, fácil de fazer. Especialmente porque depende de uma luta. A união só se faz à força. O Massafeira foi completamente sem apoio, fora da lei, não tinha nenhuma lei protegendo. Ao contrário, houve algumas dificuldades com os alvarás. Em épocas mais amigas é mais fácil.


V&A - Quem você destacaria, do novo pessoal do Ceará que mostrou a que veio nos dias do Massafeira?
AP - Chico Pio, Alano, Lúcio Ricardo, Mona Gadelha, Zé Maia, Caio, Gracho, Tarcísio, era muita gente, 200 pessoas. Yeda Estergilda, grande poeta. Esse Movimento Massafeira, na realidade, vem desde os auditórios, passa pelo Centro Popular de Cultura da UEE (União Estadual dos Estudantes), que teve muita atividade aqui, vem se formando desde esses tempos. Tinha portanto uma forte preocupação política. Havia discussão sobre arte e política, a cada momento se discutia isso. Mas, escondido, tanto o Rodger, como Petrúcio, principalmente, Alano, que já despontava, Chico Pio eram cabeças muito informadas e não tinham nenhum preconceito, ao contrário. Intrometiam procedimentos não só da legítima MPB, de raiz, que ninguém sabe o que seja isso, e essa música que atrai os ouvidos humanos, esteja onde estiver, que pega de surpresa e agrada. O Perfume Azul era bem transgressor. As músicas do Lúcio Ricardo e da Mona Gadelha, especialmente, são muito lindas, estranhamente pouco tocadas, quase sem registro.

V&A - O Estoril era o ponto de encontro dos artistas e estudantes do fim dos anos 70, com seu serviço péssimo, a cerveja quente e o velho charme, que morreu. Qual a importância desse lugar para a eclosão do movimento?
AP - Seria injusto lembrar apenas do Estoril. O Copacabana também era freqüentado pelo pessoal, o Anísio, a casa do Rodger, a casa da mãe do Rodger, dona Monavon, professora, a casa da dona Lica, mãe da Teti, o diretório (Centro Acadêmico) da escola de Arquitetura, o Curso de Arte Dramática, de certo modo, também de certo modo o Conservatório. O Theatro José de Alencar tinha um passadiço, um hall entre o... como se chama, essa palavra francesa?... o foyer e o palco, entre a nave e a platéia tinha uma região amosaicada onde nos reuníamos num canto assim, que tinha um banquinho, iam todos. O Estoril era uma coisa aberta, onde cantavam e tal. Mas a irrupção disso foi nos programas de televisão do Augusto Borges e do Gonzaga Vasconcelos, na TV Ceará. E não havia muito consentimento, a cidade torcia o nariz para esses artistas, numa vontade de torcer as orelhas. Coisas de choque. O Massafeira foi a hora em que tudo deu certo, em pedaços.


V&A - O Massafeira também acolheu outros artistas que despontavam, vindos de outros lugares, da Paraíba, do Piauí, de Pernambuco...
AP - O Zé Ramalho, o Walter Fraco... Não, Walter Tranco... (o cantor e compositor Walter Franco). Muitos músicos do Rio vieram pra cá, a direção da CBS veio. E é por isso que foram feitos os discos. Isso foi outra luta. Tivemos que ir ao Rio, repetir toda essa disciplina, foi muito esforço pra fazer isso. Aí, se dividiram em três discos: o Soro, do Fagner, e o Fagner fez outro, do Patativa. O Ednardo fez o Massafeira, ele era o coordenador, eu o vice. Em compensação, é um álbum duplo, ficou dois a dois.

V&A - Fazendo um balanço, o que foi o melhor do Massafeira Livre?
AP - A grande coisa foi que, durante um período e ainda hoje, essa coisa da música, da criação artística aqui no Ceará, parece que a grande marca é o coletivo. A espontaneidade é a feira. É na feira que os cantadores cantam, é lá que eles agradam à massa, ou não. Naquele instante apareceu muita gente, que ninguém conhecia nem ouvira falar. Muita gente, muita gente, muita gente. E, sobretudo: a insubordinação, o atrevimento, as vontades pessoais, os interesses mesquinhos se dissolvem na participação.

V&A - Quem eram os mais rebeldes?
AP - Tinha muita gente. Serjão (Sérgio Pinheiro), Alano, eu mesmo, quero me incluir, com admiração, a eles. Esse Mozart, da Paraíba, também era muito insubordinado. O Ednardo, o Fagner, cada qual insubordinado à sua moda. Uns, sem dar visibilidade, tratando de usar abafadores. Calé era muito rebelde, muito. Parece-me que está calmo, mas continua sendo um indivíduo muito criativo, tanto lá como agora, nessa outra forma de rebeldia.

V&A - E como foi, afinal, a gravação do álbum duplo, a turma no Rio?
AP - Era uma suspensão da desunião, um momento de consentimento: vamos fazer de conta que somos uma turma de amigos. E conseguimos esplêndidos momentos, principalmente nos fins de noite, nas comemorações espontâneas. O certo é que não tem lugar pra todos mesmo, porque todos querem ir pra TV Globo. A grande coisa da Massafeira foi essa, feridas expostas.

 

ENTRE A ALGAZARRA CRIATIVA E A MARMOTA DO MORMAÇO

Graco Silvio Braz
Especial para o Vida & Arte

O que foi mesmo a Massafeira? O que significou para nós, para os outros e para o tempo? Visto de hoje, muita bobagem, muito deslumbramento, como também muita criatividade, gente pegando pra valer. No fundo, havia ali o esboço bem-humorado de uma estética cearense. Como diria Petrúcio Maia, foi "a marmota do mormaço".

Outro dia, dando um rolê numa das manhãs de sábado em que se comete o delito de tomar o tempo para si, fuçando caixas e estantes em um dos mais tradicionais sebos da cidade e dando minha única contribuição possível a este museu vivo que é São Paulo - não o templo das musas mas sim o do caos, das culturas (esta palavra sempre cai bem), me esquivando entre rappers, roqueiros burgueses, jazzófilos, bichos-grilos, sambistas e outros tipos, deparei-me com o disco duplo Massafeira, sob o convidativo rótulo "raros".

Refeito daquele susto agradável, mas não poupado pela carga emocional do signo - a cabeça branca do carneiro vazada contra o vermelho - para uma breve pesquisa nem um pouco estatística perguntei ao vendedor "que disco é este?" "Foi uma feira lá no Nordeste." Sem citar os nomes conhecidos, sua obviedade significava desconhecimento, ao mesmo tempo em que cometia a velha confusão entre o que é raro, exótico ou original.

Interessado por todo e qualquer fenômeno de produção de significação e sentido, no qual encaramos a esfinge da cultura de massas, segui minha arqueologia musical meditando sobre o ocorrido, onde eu me encaixava naquele particular percurso traçado por aquele disco.

É lugar comum dizer que o mundo está demasiado tumultuado e cultuado por linguagens, para não se falar em comunicação de maneira indiscriminada. Mas uma linguagem adquire existência à medida que nós a entendemos e nos percebemos dentro dela. Refiro-me aqui também ao falar, ao cantar, ao escrever, linguagens que espelham nossa identidade.

O que foi mesmo a Massafeira? O que significou para nós, para os outros e para o tempo? São perguntas delicadas do ponto de vista pessoal, mas que no lato sensu gostaria de ter sua companhia para tentar achar as respostas, por ocasião desta comemoração de seus 20 anos.

Primeiro não podemos esquecer que, além da música, Massafeira teve também pintura, fotografia, desenhos, poesia, gravuras e, se não me engano, até mesmo dança. O evento foi o resultado da atividade cultural protagonizada pela minha geração e pela anterior a ela. Criando minha própria nomenclatura, pela Geração Pop '77 e pela Remanescentes Deslocados Údigrúdi '68.

De um lado, o ripongo universitário, encantado com a Beat Generation. Do outro, a moçada crítica engajada que viveu o corpo-a-corpo com a brutalidade pós-tropicalismo (ou pegava carona no tipo). O teatro havia ressuscitado com os trabalhos de Oswald Barroso, José Carlos Mattos e Marcelo Costa, havia festas, reuniões e grupos de poetas, fotógrafos, contistas, era comum irmos a exposições e lançamentos de livros.

É claro que visto de hoje, muita bobagem, muito deslumbramento, como também criatividade, gente pegando pra valer. Convivendo com caras bacanas como Francis Valle, Rodger Rogério, Ricardo Bezerra, Petrúcio Maia, Stélio Valle e Alano de Freitas, discutíamos harmonias, fazíamos música para teatro, compúnhamos no ritmo da vibração e conseguimos, inclusive, romper a indiferença da cidade para com os artistas de casa, realizando de 75 a 77 três shows com repertórios diferentes, arranjos originais e receptividade calorosa. Algumas dessas canções viriam a dar beleza e personalidade aos primeiros discos de Fagner.

Envolvido e sensível a este ambiente, propiciado também pelos sinais de sucesso dos cantores cearenses aqui do sul, Ednardo - provavelmente estimulado por Augusto Pontes - idealizou e tomou para si a realização do Massafeira, lutando sozinho dentro da CBS para levar a termo o seu projeto. O fato é que, excetuando-se intrigas e incidentes, a farra de cerca de quarenta pessoas no Hotel Santa Teresa, no Rio de Janeiro, foi memorável.

E o disco? Pois é, não é uma obra-prima, não tem um projeto ideológico a não ser a espontaneidade. Tenho críticas ao repertório, arranjos etc, mas é aqui que entra aquela história de linguagem/identidade. Em meio aos rappers, funqueiros, pagodeiros e outros sacos de gatos, foi legal rever o Massafeira. Não por uma questão de bairrismo. Prefiro dizer pelo conforto de sermos parte de algo.

Há músicas bobas, cantores talentosos, outros imaturos, até mesmo textos fracos cantados com uma segurança desconcertante. Mas percebo também o esboço bem-humorado de uma estética cearense de canções. Características como nosso jeito de cantar aberto, com a voz cheia de ar soltar um típico estalo no falsete; umas certas matrizes de baladas ou modos sertanejos com uma dose de melancolia existencialista nordestina, que têm origem antiga, uma certa vivacidade e temperamento arrivista de nós cantores unidos por um saudável ar de delinqüência, algumas belas canções e rocks com aquela genuína pegada anos 70, que logo passaria a ser a trilha sonora da década de 80.

Ficou o registro de um momento em que o compositor carioca Antonio Adolfo se referia ao Ceará como um "canteiro de músicos". Uma fase em que as pessoas se encontravam com mais freqüência para fazer arte. Em nossos papos, lembro da risada gostosa de Petrúcio, sempre que, para nos referirmos a alguma coisa meio disparatada, meio despropositada, mas com alguma piração interessante dizíamos: "é a marmota do mormaço!" Massafeira foi isso. Alguma coisa entre a algazarra criativa e a marmota do mormaço.


Graco Silvio Braz, cantor e compositor, participou da Massafeira

 

FOI MASSA. FOI FEIRA. FOI LIVRE. FOI MASSAFEIRA LIVRE

Nelson Augusto
Especial para o Vida & Arte


Há 20 anos aconteceu o último movimento artístico cearense coletivo que teve destaque no Brasil inteiro. Foi o Massafeira Livre, que reuniu desde os artistas plásticos, passando pelos poetas, até os músicos em quatro dias, "como se fosse o carnaval mudando de data e mais verdadeiro", como está impresso na contracapa do álbum homônimo, na perspectiva de "som . imagem . movimento . gente", como anunciava o criativo cartaz do evento, idealizado pelo letrista e arquiteto Brandão.

Foi uma espécie de Woodstock tupiniquim. Pela primeira vez, assisti às mais variadas performances artísticas no palco. De todas, além dos shows musicais, a que mais me marcou foi, sem dúvida, o recital de Patativa do Assaré. O bardo menestrel encantou toda a platéia presente, sendo aplaudido sempre que terminava de recitar suas poesias que, apesar da ``abertura política'' do final da década de 70, já denunciavam as injustiças sociais. Uma delas foi ``Sinhô Dotô'', a única faixa gravada durante o evento que foi incluída no elepê duplo Massafeira Livre.

O disco só foi lançado em 1980 com show no mês de outubro, também no Theatro José de Alencar, quando algumas pessoas acreditavam que o álbum não fosse mais editado. Isso pelo fato de ser duplo de vinil, em plena crise do petróleo, e não possuir o apelo comercial para a poderosa CBS, hoje Sony Music, multinacional que bancou a produção.

Para o registro, uma verdadeira caravana cearense viajou para o Rio de Janeiro e, dos que participaram das gravações, muitos ainda residem em Fortaleza: Ângela Linhares, Régis & Rogério, Stone, Chico Pio, Stélio Valle, Wagner Costa, Sérgio Pinheiro, Ana Fonteles, Zé Maia, Calé Alencar, Teti, Tânia Cabral, Marta Lopes, Fausto Nilo, Rodger Rogério, Lúcio Ricardo, Augusto Pontes, Gerardo Gondim, Manassés, Alano Freitas, Luiz Miguel, Caio Sílvio e Pachelli Jamacaru, este último morando no Crato.

Além dos três representantes que já se destacavam na época, Fagner, Ednardo e Belchior, e que seguiram carreira artística, alguns continuam em outros estados e trabalhando paralelamente com música. São eles Vicente Lopes, Ferreirinha (Francisco Casaverde), Graco e Mona Gadelha, esta última tendo mais recentemente razoável espaço na mídia nacional e em fase de gravação do seu segundo CD.

De 1979 até hoje não existiu algum movimento artístico do porte do Massafeira Livre. Em 1994 foi realizado o Ceará Em Canto - Feira da Música Popular Cearense, espécie de tentativa, que ficou somente na primeira edição. Como já não é necessário ir ao sul do País para gravar discos, é hora de os artistas, principalmente os ligados à música, se unirem em torno de um objetivo comum, para que outro movimento venha projetar a arte cearense no âmbito nacional. Uma cooperativa está sendo criada. Fica aqui nossa sugestão à entidade.

O Projeto Memória 107, da Rádio Universitária FM, que em seu primeiro volume já lançou o disco Reflexões Nordestinas, do violonista Nonato Luiz, pretende lançar no formato de CD, entre outros vinis, o álbum Massafeira Livre. Projeto nesse sentido foi aprovado em 14 de abril de 1998 pela Comissão de Análise de Projetos da Secult. Em agosto do mesmo ano, foram enviados os formulários assinados pelos contribuintes do ICMS. Até a presente data, ainda não foi expedido o Certificado de Incentivo à Cultura - CEFIC, que permite os recursos financeiros para o pagamento de todas as etapas de confecção dos CDs.

P.S.: O álbum Massafeira Livre será objeto de enfoque no programa Memória 107, da Rádio Universitária FM - 107,9 Mhz. Neste domingo, a partir das 18 horas, com entrevista de Calé Alencar e Lúcio Ricardo.

Nelson Augusto é jornalista e produtor da Universitária FM

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(Existem mais duas matérias no caderno especial sobre Massafeira ainda não digitadas)


Aqui termina o Conteúdo © Jornal O POVO S/A

Nota: Aura Edições - Em 11/03/99, final de tarde, Ednardo recebe telefonema da Editoria do Caderno Vida & Arte do Jornal O Povo, para falar em depoimento rápido e de poucas palavras para três linhas, sobre a Massafeira, para o caderno especial que seria publicado em 13/03/99.

O assunto, por sua importância, requeria mais que palavras em três linhas, informado que o caderno, praticamente fechado, não caberia entrevistas ou textos maiores, Ednardo preferiu enviar texto especial por e-mail após leitura na internet das matérias do caderno especial, em 13/03/99.
O texto especial de Ednardo ao Jornal O POVO, foi parcialmente editado, condensado e publicado em 20/03/99, com o título - Nem tudo é Verdade.

Por liberdade de expressão, publicamos na íntegra, nesta página, o texto ORIGINAL.


NEM TUDO É VERDADE - O ORIGINAL


EDNARDO
Especial para o Vida & Arte


Com satisfação li pela internet, as matérias sobre os 20 anos da Massafeira, que em ocasião especial o Jornal O Povo publicou no Vida & Arte de 13/03/99, com o senso muito próprio que sempre caracteriza a atenta observação de seus profissionais, junto aos excelentes textos de Eleuda de Carvalho, Graco Silvio, Nelson Augusto, e às observações sempre brilhantes do parceiro Augusto Pontes.

Notei que existem alguns equívocos que a generalização sempre provoca, discordo de alguns pequenos trechos publicados do ponto de vista de meu querido parceiro Augusto Pontes, pelo qual tenho indiscutível admiração, respeito e longa amizade. Uns, não correspondem a realidade dos fatos, outros, ao meu ver precisam de outro ponto de vista complementar.

O fato é que é absolutamente normal, artistas de qualquer lugar do mundo, possuirmos saudável e essencial dose de auto estima, evidenciadas por nossas personalidades, para que as tentativas, próprias ou dos outros, de flagelação, negação e até destruição da persona artística e respectiva obra, sejam neutralizadas.

Absolutamente sim. Não deixo dúvidas quanto aos meus sonhos. A Massafeira surgiu, não em função de minha pessoa ou de meus trabalhos artísticos, mas sim em função de nossas pessoas e nossos trabalhos artísticos. Também é verdade que os discos da Massafeira foram prensados e distribuídos para a mídia em 1980, utilizando a maior parte da verba de divulgação do disco Imã.

É preciso entender diferentes etapas na concretização do evento Massafeira, respectivos discos e lançamento:

A primeira etapa março/79 no Teatro José de Alencar, foi quando se concretizou no palco a idéia lançada e abraçada com entusiasmo por todos, foi relativamente pequeno o grau de dificuldade, resolvido facilmente com a disponibilidade de todos em mostrarem seus próprios trabalhos, junto a razoável dose de companheirismo e mútua ajuda.

A segunda etapa, Gravação no Rio de Janeiro, iniciou-se com reunião logo no dia seguinte após término das apresentações, quando fui chamado por Jairo Pires (Diretor Artístico CBS), informando que a presidência da gravadora estava autorizando gravar e lançar um disco do evento, e queria que eu realizasse a Direção Artística, de Produção, e Estúdio deste disco. Convidei para a reunião o Augusto Pontes, que tinha sido escolhido pela maioria, nas reuniões da primeira etapa como um dos melhores interlocutores para tarefa complexa de juntar egos, opiniões e interesses diferentes.

Sugeri que para manter a fidelidade artística e criativa do evento seria necessário levar o máximo possível das pessoas da Massafeira, indicando Augusto Pontes como Co- Produtor e posteriormente em conjunto com todos escolhemos, Rodger Rogério, Petrúcio Maia e Stelio Vale para coordenação musical. Nos dias seguintes foi realizada seleção criteriosa a partir do valor artístico de cada um, tendo como premissa, generoso e abrangente senso coletivo que comportasse diversas tendências musicais. As reuniões sempre com a presença de todos os interessados, eram quase intermináveis, o nível de dificuldade bem maior, eram muitos artistas e só havia espaço determinado pelo disco vinil para 24 músicas.

A terceira etapa, talvez mais dura, com solitária responsabilidade de concluir pessoalmente, sem a presença de todos os outros participantes que voltando para seus lugares, ficaram sonhando a possibilidade do estrelato nacional, foi conseguir com que o disco fosse prensado, publicado e lançado.

Os níveis de dificuldade atingiram o ápice, porque após gravação, o Diretor da CBS Jairo Pires que havia sido convidado por mim, para assistir ao vivo os 4 dias do evento, e autorizado a gravação do projeto e lançamento nacional, foi substituído por outro profissional da área, que gerenciando o selo Epic simplesmente engavetou os discos com a afirmativa precoce e sem justificativa convincente, quer artística ou mercadológica, decretou que aqueles discos iriam dar prejuízo à gravadora pois não iria fazer sucesso, em função de uma parte das músicas serem de autoria e interpretação de artistas novos. ( Algumas músicas destes artistas foram gravados posteriormente por outros intérpretes, com sucesso, inclusive também, na mesma gravadora).

Em 1980, depois de mais de um ano em exaustivas reuniões para desengavetar os discos Massafeira, que era assunto encerrado e não seria sequer prensado, por não haver mais verba para aquele produto, encontrei a única saída no momento, junto ao departamento de divulgação da CBS, solicitando que o mesmo fosse prensado com parte da verba de divulgação do meu disco Imã que estava sendo lançado.

Se não me engano foram dez mil cópias, com uma tarja colada na capa do álbum, fato inexplicável e inédito em lançamentos na indústria fonográfica mundial - fixava valor bem abaixo dos praticados em qualquer loja do país, enfatizando "2 LP's pelo preço de 1".

O que também diminuiu a importância do trabalho de todos, para lojistas, grande imprensa e para o público, numa queima de estoque premeditada, antes mesmo que as músicas passassem pela apreciação do público em geral.

No entanto, por todo o Brasil, onde estivesse realizando shows e divulgando o meu disco IMÃ, levei também o nosso disco coletivo MASSAFEIRA, que foi distribuído em Rádios, TV's e Imprensa Especializada. Alguns artistas novos, que participaram dos discos também fizeram o mesmo dentro de suas possibilidades. Existem registros extensos e matérias na mídia brasileira, que por si só expressam a receptividade nacional dos discos.

Equívoco quase beirando ao grave, ao meu ver, é quando se "brinda" aos artistas cearenses de forma generalizada, com pontos de vista tribal e limitados ao recheio de adjetivos desmerecedores. A mídia de um jornal não é somente passarela para desfiles de vaidade, principalmente quando um artista trata seus pares como "eles", esquecendo do "nós". Do chicote do auto flagelo, meu amigo Augusto Pontes deveria se poupar, porque ele também faz parte de nossa tribo, com seu imenso talento reconhecido em várias áreas.

Maravilha ter entre os nossos, alguém que se dedique à consciência crítica, atividade necessária para o crescimento, porém, a textura artística tem força própria que não é ditada pela consciência crítica, que vem sempre à posterior do ato de criar. Todas as tentativas de inversão do processo, resultaram em censura prévia.

É justo que se dê à consciência crítica, a liberdade de criticar, e também é justo que a mesma seja checada em suas funções, se não perde a legitimidade.

Com o mesmo afã, com que se lembra em 14 linhas da matéria, dos espaços físicos onde se realizavam os encontros, penso que com muito mais propriedade é necessário, não cometer injustiças, quanto aos desempenhos individuais, na tabula rasa da generalização.

Não existe, desta forma idealizada, como quem formata programa de computador, a arte coletiva, sem respeito ao artista e criador em sua pessoa e personalidade.

É ilusão querer encontrar "natureza regional da arte", sem levar em conta o depositário natural e legítimo da vontade coletiva, que é o artista, como também é verdade que a arte abandona aquele que deixar de ter consciência de sua representação coletiva.
Defender posições, estéticas, artísticas, ou até a política do exercício da arte, não significa manter indefinidamente, discursos além dos tempos de vigência, porque a arte mantém seus princípios básicos, modificando à si própria.

A expressão nacional dos artistas cearenses, não é frágil, ao contrário, temos significante atenção e o acompanhamento da mídia e do público. Não temos, é verdade, milhões de discos vendidos como o pagode, axé music, forró, pelas próprias características dos trabalhos artísticos. O monólito grupal, também não acontece com tanta freqüência, mas isto se deve ao fato de nossa característica de propostas diferenciadas, e não por ganas exageradas de pretensões individuais.

Tenho em meu currículo artístico, como também Fagner e Belchior nos deles, (porque fomos citados na matéria), razoável e comprovada abertura para trabalhos em grupos, facilmente identificável pelo público.

Ilustrando alguns de minha própria iniciativa, partiu de mim o convite para a participação na Massafeira, dos meus parceiros Fagner e Belchior, bem como do pessoal do Cariri: Rosemberg Cariry, Banda de Pífaros dos Irmãos Aniceto, o cantador Cego Oliveira, o poeta popular Patativa do Assaré, que pela primeira vez o público de Fortaleza conheceu, na Massafeira em 1979, cuja performance artística gravada ao vivo foi publicada pelo selo Epic/ CBS - Poemas e Canções - Patativa do Assaré (Embora no disco não conste este crédito), e uma faixa no Álbum Massafeira.

No Balanço da Massa (1995), no Fortal, (onde predominam até hoje bandas de axé music), pela primeira vez e até agora única, o Balanço da Massa se apresentou, com Intérpretes, Compositores, Músicos, repertório de músicas cearense, pessoas dos Maracatus, Dançarinos, Artistas Plásticos e outras atividades, atuando com mais de 250 artistas cearenses, durante 3 dias, numa festa popular, que movimenta em nossa cidade o potencial em média de 2 milhões de pessoas nos 4 dias.

Se for para falar só de nossa tribo, além dos já citados eventos Massafeira e Balanço da Massa, posso lembrar também das inclusões em meus trabalhos e atividades, dos maracatus, forrós, galopes frevos e lambadas cearenses, das artes plásticas de Descartes Gadelha, Fausto Nilo, (também parceiro e poeta), Brandão, ( do poeta e parceiro Brandão, inclusive realizei a produção e edição do livro Todas as Noites, parte significativa de sua obra ), fui o primeiro a gravar Petrúcio Maia, primeiro em falar e cantar os movimentos Padaria Espiritual, Confederação do Equador, primeiro em trabalhar em conjunto nas gravações e shows com músicos cearenses, primeiro em incluir em meus trabalhos discográficos e de shows, fotógrafos cearenses, Gentil Barreira e Celso Oliveira, do cinema - Luiz Carlos Barreto, Pedro Jorge de Castro, para os quais realizei as trilhas musicais dos filmes, somente citando alguns itens de uma lista grande, e como sempre estarei atento e disponível para o que estar por vir.

 

NÃO PROCEDE A GENERALIZAÇÃO
SOMOS MAIS QUE A ILHA PORQUE SONHAMOS O UNIVERSO


Corrigindo informações: Não realizei o show comemorativo da posse do então Governador do Ceará, Dr. Virgílio Távora, mesmo tendo sido convidado, porque estava trabalhando em tempo integral na data, que coincidiu com os shows da Massafeira, onde fiz a Direção de Produção Artística e de Palco, portanto sem tempo hábil para outras atividades artísticas, mas estivemos bem representados por Fagner e Belchior, e não existe desdouro na atuação profissional dos mesmos, sequer pelo fato que a matéria destaca, de ser na época o Governo da Ditadura, no Ceará representado pelo Coronel Virgílio Távora, porque existe considerável distância entre fator político e aqueles artistas.

Milênio e século se aproximam de suas passagens. Oxalá também sejam propícias as mudanças de mentalidade e energia de nosso planeta e seus habitantes, e que a comemoração do trabalho realizado, assim como quem festeja a colheita após a faina do plantio, seja fator determinante da felicidade que alimenta a força para as próximas estações.

Ednardo