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Segunda-feira/ 19 de fevereiro/ 2001

Canto de amor na
volta de Ednardo

Depois de nove anos sem gravar, o cantor
e compositor cearense lança Única Pessoa,
em que interpreta músicas de vários autores

Ednardo, um dos expoentes nordestinos na música brasileira da década de 70, volta ao mercado com o CD Única Pessoa, depois de nove anos sem gravar. Da mesma lavra de Alceu Valença, Belchior, Zé Ramalho, Fagner e companhia ilimitada, o cantor, compositor e, por vezes, ator, hoje com 55 anos, fez história e influenciou muita gente da nova geração da MPB.
Adriana Pitiglianni
Ednardo (14546 bytes)
Ednardo: pesquisa do trabalho
de criadores de norte a sul do
Brasil
Zeca Baleiro e Chico César, entre eles. O sumiço dos últimos anos, na verdade, segundo ele, representou apenas uma ausência da mídia. E não por culpa de Ednardo, já que o músico continuou fazendo shows pelo País e trabalhando em trilhas para cinema e teatro. Esse disco (Única Pessoa) é uma mostra de que esse desaparecimento foi involuntário porque foi feito a partir de minhas andanças pelo País. Nesse trajeto, recolhi composições de muita gente boa”, comenta Ednardo, que fez show em Goiânia para convidados sexta-feira, no Clube Social Feminino. Única Pessoa é um disco de intérprete no qual Ednardo apresenta uma única composição própria, fruto de parceria com Chico César. O repertório, diz ele, celebra o amor, “um artigo em falta”, na visão de diferentes compositores. “Na verdade, esse projeto de gravar outros compositores sempre ocorreu mesclando trabalhos meus. Mas, agora, o Guti (Guti Carvalho, produtor) achou por bem lançá-lo na virada do milênio, que é para marcar posição cabalística, brinca o músico. Outro disco, dois LP’s em um CD, relançado agora pela BMG também tem sabor de novidade para Ednardo. Berro (1976) e Azul e Encarnado (1977) foram abafados pelo sucesso estrondoso de O Romance do Pavão Mysteriozo (1974), que não parava de vender. “ Na época, a gravadora achou por bem prorrogar o lançamento deles, o que acabou tirando um pouco o brilho dos novos trabalhos”, conta Ednardo. A música Pavão Mysteriozo fez parte da trilha da novela Saramandaia (TV Globo), de Dias Gomes, dirigida por Walter Avancini. Os LP’s Berro e Azul e Encarnado representam o auge do período criativo de Ednardo em um momento cultural também efervescente no País. “O disco Berro foi inspirado na Padaria Espiritual, movimento da passagem do século 19 para o 20 que reunia intelectuais e artistas cearenses que questionavam o status quo da época”, explica o músico. Em Azul e Encarnado, Ednardo se apossou da linguagem pastoril, cultura cristã ainda forte no Nordeste, para produzir pérolas como as músicas Pastora do Tempo e Boi Mandingueiro. A revirada do baú de Ednardo promete mais novidades. O cantor prepara, para o final do ano, o lançamento de um disco ao vivo de show realizado há um ano em São Paulo e outro com uma coletânea de trilhas que fez para cinema. O músico não apenas fez músicas para filmes (Tigipió e Calor da Pele, ambos de Pedro de Jorge de Castro), e Luzia Homem (Fábio Barreto) como atuou neste último na pele do personagem Poeta de Cordel. Ednardo prepara-se também para a turnê de Única Pessoa. Depois do carnaval, vamos cair na estrada. Começando pelas capitais do Nordeste, quero cantar nas principais cidades do País, inclusive voltar a Goiânia (aqui, ele mostrou algumas novas composições, mas basicamente o antigo repertório), terra do companheiro Orlando Moraes, de quem gravei uma música para o novo disco”, comenta.

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